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HIST�RIA DA M�SICA
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A
trajet�ria principal da m�sica na primeira parte da Idade M�dia
tem sido definida pelo canto gregoriano e com um sentido mais
amplo, como se recorda, pelo controle da igreja. N�o � propriamente
um controle intencionado, como se verificar� em outras etapas
futuras, mas sim uma conseq��ncia l�gica da organiza��o social
dos povos. O latim ocupa o centro de umas preocupa��es culturais
das quais o povo se vai afastando com o nascimento das l�ngua
vern�culas. E, no seio da pr�pria igreja, nasce tamb�m a inquieta��o
criadora e a necessidade de variar, enriquecer e ampliar esse
�nico canto com que ela conta. A essas inquieta��es junta-se
uma necessidade imperiosa. Essas l�nguas vern�culas v�o afastando
o povo dos of�cios, dado que o latim deixa de ser l�ngua comum,
criando uma barreira para a sua participa��o nos of�cios religiosos.
E . por um lodo e por outro, surgem novos campos para a m�sica.
N�o
� o momento id�neo para alterar as regras da m�sica, mas para
criar novas formas relativas � organiza��o gregoriana. E o primeiro
e mais f�cil passo para a variedade foi dado pelos instrumentos,
que passaram a acompanhar a voz humana, at� ent�o �nica protagonista
do canto.
As
primeiras contribui��es produzem-se na pr�pria liturgia. Os
"melismas"eram cantados pelo povo sobre uma s� s�laba,
o que dificultava extraordinariamente que fossem recordados,
sobretudo se tinham uma dura��o consider�vel. Para consegui
a "cumplicidade" fi�is, alguns homens da igreja criaram
as "seq��ncias", ou letras novas, distintas do texto
religioso, que os ajudaram a recordar as linhas mel�dicas. Nasce
assim a primeira aventura criadora, � qual se seguir�
uma conseq��ncia l�gica. Se se "inventam" letras para
a m�sica religiosa, por que n�o inventar tamb�m novas m�sicas
? E nascem as "prosas", com as quais surge a
figura de um novo compositor, tamb�m autor dos textos. Naturalmente,
o canto gregoriano tamb�m tinha contado com compositores, dos
quais alguns s�o conhecidos, tal como os livros sagrados tiveram,
em cada �poca, os seus correspondentes autores, mas o processo,
neste preciso momento, � diferente. Recupera-se, num sentido
lato, a figura do compositor, identificada quase sempre � do
poeta da m�sica grega.
Esta
nova fun��o de compositor-poeta ser� exercida por tr�s grupos
principais de novos int�rpretes "goliards", jograis
e trovadores, e vir� a criar o primeiro corpus da m�sica profana,
ao mesmo tempo que a m�sica instrumental se vai introduzindo
nos servi�os religiosos.
O
processo arranca, como se viu, de uma maior liberdade ou concep��o
da m�sica religiosa, atrav�s das "seq��ncias"e das
"prosas", para se vir a desenvolver, no campo popular,
com as "goliards". Conhecem-se com este nome os frades
que, tendo abandonado os seus conventos, pediam esmola e vagabundeavam
de uma regi�o para outra. Durante a sua estadia nos conventos,
tenham recebido uma dupla forma��o: musical e liter�ria, e exploravam
os seus conhecimentos por meio de um s�rie de can��es, regra
geral dedicadas ao vinho, � comida e ao amor. Os textos estavam
cheios de brincadeiras dirigidas ao clero, � vida de convento
e aos costumes religiosos. Dirigiram-se a uma classe social
muito concreta e dizia-se deles, tamb�m chamados clerici vagante,
que constitu�ram uma primeira evid�ncia de contra-cultura ou
de cultura "underground". Perdeu-se uma grande parte
das can��es dos "goliards", mas chegaram at� n�s testemunhos
dessas obras desde o s�culo. XI. O primeiro que foi localizado
foi o manuscrito de Munique, que procede da abadia de Beuron,
e que foi conhecido com o nome de Carmina Burana, datado do
s�culo XII. A atividade dos "goiliards"estendeu-se
at� ao s�culo XV. No nosso s�culo, compositor alem�o Carl Orff
fez uma "recria��o"do mencionado manuscrito, utilizando
alguns dos seus textos. A sua obra, que tem o mesmo t�tulo,
Carmina Burana cantiones profanae, foi estreada, em Frankfurt
em 1973. A import�ncia dos "goliards" na evolu��o
da m�sica � muito significativa, dado que a separaram do mundo
religioso e trocaram o cen�rio das igrejas pelos das pra�as
das aldeias.
No
confuso elo da progress�o musical chegamos � figura do jogral.
N�o h� testemunhos que confirmem a sua presen�a anterior ou
posterior � dos "goliards", mas alguns investidores
inclinam-se por situ�-los mais de um s�culo antes. A raz�o �
simples. A falta de testemunhos faz supor que a sua atividade
foi anterior � conhecida e que, por outro lado, a sua figura
responde a uma tradi��o pag�. � �bvio que parece efetivamente
surpreendente que surgissem quase sem antecedentes numa s�rie
de cortes medievais que protegeram e cultivaram a m�sica e outras
divers�es. Caracterizam-se por duas aptid�es complementares:
o seu dom�nio da arte musical e a sua habilidade no uso da palavra.
Sucessor, antecedente ou coet�neo do "goliard", jogral
participa ativamente nos mesmos objetivos, ou seja, em
independentizar a m�sica do �mbito religioso e em procurar novos
palcos para as suas atividades. Ambos os prop�sitos os levaram
� utiliza��o dos instrumentos e � mudan�a de temas nos seus
textos. Os recursos da sua profiss�o permitem-lhes ampliar o
seu raio de a��o, da pra�a p�blica ao castelo ou � corte, passando
pele taberna. As suas habilidades abarcam tamb�m as de ator,
acrobata, etc, no sentido que hoje damos a essa atividades circense.
O
s�culo XII vai ser tamb�m palco do nascimento de outra figura
da m�sica, a do trovador. A lenda criou uma imagem, em grande
parte falsa, do trovador que, na pr�tica, era um cavaleiro,
com forma��o human�stica e musical, que "exercia"como
compositor e poeta. A sua l�ngua � sempre a vern�cula da sua
terra e o seu "p�blico", as cortes medievais para
as quais era convidado ou �s chegava numa esp�cie de peregrina��o.
O tema das suas can��es, o amor, um amor quase sempre ideal
e imposs�vel, que seria mais tarde o dos livros de cavaleiros.
Junto aos cantos amorosos, os her�icos, a exalta��o das grandes
figuras, reais e pr�ximas, convertidas em lendas. Os feitos
de Carlos Magno, Rold�o ou do Cid, os das figuras que
rodeavam de uma aur�ola as aventuras das cruzadas. Tal como
hoje, e sempre, os nomes que incitam � fantasia e ajudam, na
vida cotidiana, a sentir as experi�ncias.
Assim,
amor e gl�ria formam a trama de uns textos rimados, dos quais
s�o originais "uns cavaleiros-m�sicos-poetas. Na longa
rela��o de trovadores encontram-se os nomes de reis, como Ricardo
de Plantegenet, de nobres, como Guilherme da Aquit�nia e de
personagens, de origem desconhecida que alcan�aram a gl�ria
de atuar nas cortes europ�ias, tal como Marcabr�. E esse car�ter
nobre da sua atividade permite-nos verificar que tamb�m algumas
mulheres alcan�aram pleno reconhecimento na sua atividade. Os
jogos, os enfrentamentos improvisados, tanto na m�sica como
nos textos, e as manifesta��es mais eloq�entes sobre a mulher
amada, constituem um ampl�ssimo repert�rio do qual nos chegaram
numerosos testemunhos, em muitos casos com a correspondente
nota��o musical, que foi poss�vel transcrever para a atual,
apesar da dificuldade que acarreta a aus�ncia de refer�ncias
r�tmicas nos originais.
Desde
os fins do s�culo XI at� ao termo do XIII, no qual a cavalaria
tem o seu decl�nio, tem-se referencia de 460 trovadores nos
pa�ses do sul da Europa, aos quais se devem juntar os do norte,
conhecidos como "minnes�nger". Todos coincidem na
rom�ntica exalta��o do amor ou do hero�smo, o que transcende
a sua obra para al�m do simples entretenimento ou divers�o,
caracter�sticas comuns aos "goliards"e aos jograis,
embora existam, naturalmente, algumas exce��es. De qualquer
maneira, os tr�s contribu�ram para essa referida independ�ncia
da m�sica do seu car�ter religioso e para criar um mundo de
recreio espiritual que n�o estivesse subordinado aos objetivos
de louvar e glorificar a Deus que constitu�am a ess�ncia do
canto gregoriano.
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Se
tivermos em conta o sentido literal da palavra, ou seja, a id�ia
da sobre posi��o de duas ou mais linhas mel�dicas simult�neas
que resultam de um conjunto uniforme e homog�neo, deve dizer-se
que os seus come�os rigorosas se situam no organum e no discantus.
Mas tamb�m h� um elemento posterior e essencial que vai dar
um novo sentido de verticalidade. At� isto ficar estabelecido,
essas linhas mel�dicas apresentavam-se, por uma bi-tonalidade
n�o intencionada. A defini��o da tonalidade na qual as notas
da escala se organizam em ordem hier�rquica, dependendo da que
d� o nome � escala, d� um novo sentido aos resultados verticais,
provoca a homogeneidade r�tmica e mel�dica das diferentes vozes
e desenvolve o papel e funcional de baixo, sobre o qual se constr�i
a arquitetura dos acordes.
Compositores
como Josquin des Pr�s, j� mencionado, completam o novo panorama
criativo com o uso da imita��o ou do canon, que passa a ser
o procedimento caracter�stico do estilo polif�nico gerador da
sua coer�ncia de forma. Pouco depois, na segunda metade do s�culo
XVI, ser� o verticalismo harm�nico o que se vai impor, o que
n�o teria sido poss�vel sem o estabelecimento pr�vio da tonalidade.
Porque ser� a tonalidade a origem das regras da harmonia, partindo
de uma s� escala para cada nota, igual em todos os casos,
com uma �nica exce��o: a das suas duas variedades, o tom maior
e o tom menor, com as suas diferentes posi��es dos semi-tons.
Abandonam-se, assim, os modos gregorianos, nos quais o car�ter
era definido pela vari�vel situa��o do semi-tom no interior
da escala.
Ao
longo desta etapa e tal como tinha sucedido na �poca anterior,
a evolu��o da m�sica religiosa decorre de forma paralela � da
profana e, em ambos os casos, juntamente com a instrumental.
� um desenvolvimento, em parte similar ao que se d� em outras
artes, no qual a m�sica se vai libertando das ataduras e da
rigidez do g�tico para se aproximar do Renascimento. SUrgem
novas formas na m�sica profana e na instrumental, mais breve,
menos grandiosas e que, por sua vez, influir�o na altura pr�pria
na m�sica dedicada ao culto. Os limites de cada etapa, tal como
sucede sempre na hist�ria, n�o est�o completamente definidos
e encontramos, como fundamento de todos eles, a sombra da extraordin�ria
descoberta que foi a da tonalidade . De fato, trata-se de um
fen�meno �nico que se apresenta na m�sica ocidental e do qual
n�o se encontram equival�ncias, nem sequer aproximadas, nas
de outrs culturas.
Na
transi��o para o Renascimento, ser� tamb�m a polifonia que ter�
um papel e protagonista dentro e fora da m�sica religiosa. Nesta
�ltima, com os tr�s grandes nomes que cobrem por completo o
s�culo XVI e entram pelo XVII: Giovanni Pierluigi da Palestrina,
de 1525 a 1594: Orlandus Lasus, de 1532 a 1594, e Tom�s Luis
de Victoria, de 1545 a 1644. Representam ao mesmo tempo a tradi��o
da Polifonia desde as suas origens e a sua inclus�o nas novas
correntes do Renascimento. No caso dos primeiros, tanto no que
se refere ao campo religioso como ao profano, no qual n�o se
pode incluir Victoria, que se seguiu no seu trabalho � m�sica
de igreja. No profano, a concep��o polif�nica manisfesta-se
fundamentalmente com o madrigal, que se prolonga no tempo e
atinge tamb�m o representativo mundo do Renascimento. Juntamente
com ela, aparecem outras formas que ficaram mais unidas, quanto
ao nome, aos estilos de cada pa�s, enquanto que o madrigal se
estendeu por toda a Europa. Na It�lia, aparece a frottla, o
ricercari, a canzona, os rispeti e alguns outros, enquanto que,
na Espanha, se desenvolve o villancico, com uma dimens�o
que n�o se limita � variedade. Natal�cia que, �s vezes, se aplica
ao mesmo.
Mas
o Madrigal vai ter o ponto de apoio de toda a polifonia renascentista,
em especial no campo profano, embora tamb�m no religioso e com
os madrigais "espirituais". � imposs�vel citar
todos os compositores que cultivaram o madrigal, mas conv�m
seguir o rasto dos mais representativos, tal como podem ser
Giuseppe Zarlino, Andrea e Giovanni Gabrielli, Adrian Wlaert
e Gesualdo da Vnosa, na It�lia, Clement Jannequin, na Fran�a,
Mateo Flecha e um sobrinho com o mesmo nome, que prolongam uma
tradi��o iniciada por Juan del Enzina, Juan Brudieu ou Francisco
Guerrero, na Espanha, William Byrd, John Dowland, Thomas Weelkes
e Orlando Gibbons, na Inglaterra, e Orlandus Lassus, j� menciondo.
na Alemanha. Entretanto, prossegue a tradi��o polif�nica religiosa,
representada na Alemanha por Heinrich Sch�tz e na Espanha, juntamente
com Victoria, pelos nomes de Crist�bal de Motales e de Francisco
Guerrero.
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Ao
considerar a exist�ncia do Renascimento musical, estamos perante
um dos freq�entes casos de imprecis�o terminol�gica. A influ�ncia
de conceitos das outras artes e o desejo de unificar as suas
tend�ncias levou ao uso de qualifica��es cuja correla��o � dif�cil
de defender. No entanto, � um fato que se divulgou um conceito,
o de "m�sica renascentista", com umas caracter�sticas
e coincid�ncias no tempo que n�o � poss�vel ignorar. Outra quest�o
� a da confirma��o, ou n�o, da correla��o com outras artes.
No mundo do pensamento e as letras, a descoberta da Antiguidade
cl�ssica � efetivamente clara nos movimentos liter�rios e filos�ficos
da passagem do s�culo XV para o XVI, mas na m�sica, temos que
esperar a chegada do XVII para encontrar elementos modificadores
da anterior tradi��o, sobretudo no que se refere �s formas.
J�
comentamos como se apresentaram estas modifica��es nas novas
formas da m�sica instrumental, mas inclusivamente na mais caracter�stica,
a m�sica vocal, conservam-se no Renascimento, as exig�ncias
da polifonia. A forma t�pica desses tempos, do Renascimento,
� o Madrigal, que se serve dos fundamentos estruturais e conceituais
da polifonia cultivada at� finais do s�culo XVI. Mas o importante,
nessa transforma��o que se d� nos fins do s�culo XVI � sem d�vida,
a mudan�a de sentido do conceito da polifonia, Assim, o que
antes tinha sido um estilo, um mio de express�o que caracterizou
uma �poca, passou a ser uma f�rmula ou uma possibilidade t�cnica
com um sentido muito mais amplo, com um posto na m�sica vocal,com
ou sem interven��o de instrumentos. Ou seja, o que era um "estilo",
passou a formar um "g�nero".
A
altera��o produz-se, efetivamente, na transi��o do s�culo XVI
para o XVII e tem um nome muito concreto: "melodia acompanhada".
� um meio de express�o no qual se ouve o eco das aspira��es
dos humanistas. Mas, para os historiadores da m�sica, o que
noutras artes se entende por Renascimento, deve situar-se entre
o �ltimo ter�o do s�culo XV e os �ltimos anos XVI. Nessa altura
sucedem-se v�rias e importantes transforma��es na m�sica.
� o momento em que a polifonia atinge o cume, em que, tal como
j� dissemos, o "Madrigal" representa a unifica��o
do po�tico e do musical, ao mesmo tempo que aparece o sentimento
da harmonia. N�o interessa tanto a sucess�o de vozes, consideradas
como predominantes, mas sim a malha criada por essas vozes.
E essa organiza��o harm�nica ser� o ponto de apoio da melodia
acompanhada, independentemente, por outro lado, do desenvolvimento
e da evolu��o dos instrumentos. E, embora estes dados n�o constituam,
por si pr�prios, uma defini��o das elementos, de um Renascimento
musical, conseguem fundamentar uma vitalidade e um esp�rito
criativo.
Esse
�mpeto assoma igualmente na Reforma religiosa, que coincide
com o Renascimento musical. Tem-se dito que n�o � poss�vel estabelecer
entre esses fatos uma rela��o de causa efeito, mas � evidente
que coincidem no impulso. A melodia acompanhada conduz ao nascimento
da �pera, como g�nero de mais amplos horizontes e orientado
para um p�blico mais numeroso. Da mesmo maneira, Lutero, que
aceita o latim, procura no uso das l�nguas vern�culas uma maior
rela��o do povo com uma m�sica religiosa. Na pr�tica, uma grande
n�mero de compositores dedicam os seus esfor�os criativos a
formar um repert�rio de can��es religiosas, dentro de um movimento
que nasce na Alemanha, com a Reforma como ponto de partida,
e que se estende a outros pa�ses, em especial � Fran�a, no qual
aparece o corpo da m�sica religiosa hugonote.
Como
resumo deste per�odo, antecedente do nascimento da melodia acompanhada,
ou monodia, pode dizer-se que coincidem, nas diversas escolas,
as tend�ncias para usar a voz, os instrumentos e as suas
possibilidades de combina��o, como partes independentes de um
todo que as pode englobar parcial ou totalmente.
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Ao
finalizar o Barroco, sucede algo similar ao que representa na
m�sica a id�ia do Renascimento. O estilo Barroco, que responde
a uma concep��o pict�ria e arquitet�nica, translada-se, novamente,
para a m�sica sem fundamento. Tal como sucedeu no Renascimento,
as poss�veis caracter�sticas musicais do Barraco definem-se
posteriormente e s�o uma justifica��o do uso desse terno, mais
do que uma defini��o do mesmo. Pode dizer-se que, em ambos os
casos, foram as correntes da m�sica e, sobretudo, o extraordin�rio
progresso dos meios de difus�o e dos suportes dos registros
musicais, os fatores que impuseram esses termos. A mensagem
das casas discogr�ficas precisava da utiliza��o de uma terminologia
que fosse familiar a um amplo setor do p�blico, mais conhecedor
das diversas tend�ncias e escolas da arte e literatura do que
da m�sica.
No
entanto, tamb�m no Barroco � poss�vel encontrar uns elementos
que justificam o uso desse termo, partindo de conceitos de outras
artes. Verificou-se uma certa rela��o entre o estilo concertante
da m�sica e o estilo barroco na arquitetura e nas artes pl�sticas.
A altern�ncia de vozes e instrumentos foi a resposta musical
� id�ia de contraste que caracteriza a arte do barroco. O uso
de vozes solistas, coros - inclusivamente duplos e triplos coros,
a organiza��o de instrumentos por fam�lias e a sua combina��o
e n�mero crescente, definem, sem d�vida, a tend�ncia para o
grandioso que responde � imagem t�pica e t�pica da arte barroca.
Essa
tend�ncia para o que a m�sica poderia vir a ter de espet�culo,
num movimento paralelo no tempo ao da monodia acompanhada e,
claro est�, ao da �pera, une diretamente o Renascimento com
o barroco. Os chori spezzati, enfrentados como dois elementos
dispares do conjunto, marcam a trajet�ria da m�sica em S�o Marcos
de Veneza, primeiro com Adrian Willaert e depois com Gabrieli.
Um caminho que leva, sem interrup��es, �s Paix�es de Johnn Sebastian
Bach, aos grandes orat�rios de Haendel e � estabiliza��o, com
todas as suas variantes, do novo g�nero que surge nos fins do
s�culo XVII: a �pera. E, em todas essas formas e g�neros,
torna-se clara a preocupa��o comum por tudo o que � dram�tico.
De certa maneira, parece que o dramatismo, poss�vel de por em
cena ou n�o, � consubstancial com a id�ia do Barroco. Assim
acontece na pintura, em Rembrandt, por exemplo, na trag�dia
francesa, com as obras de Corneille e Racine e na Espanha, com
Calder�n de la Barca, entre outros numerosos exemplos.
Na
m�sica, a id�ia da monodia acompanhada afirma o uso do "baixo
continuo", que passa a ser uma das caracter�sticas da m�sica
barroca, embora junto a ela coexistam outras manifesta��es
musicais que n�o recorrem a este sistema de nota��o. Sistema
esse que permite uma completa improvisa��o harm�nica, dado que
a "interpreta��o"dos indicativos que implica o baixo
cont�nuo depende do int�rprete, valha a redund�ncia. Desenvolvem-se
sob o seu imp�rio, as modas de adornos e elementos acrescentados
que, na arquitetura simbolizar�o tamb�m a id�ia do "barroco".
E, se tivermos em conta o longo processo da sua imposi��o, verificamos
que surge quando ainda est� vigente o Renascimento , no s�culo
XVI, e, isso sim, que se prolonga at� come�os do s�culo XVII,
quando o Renascimento j� s� � uma recorda��o e uns testemunhos.
Por
isso se tem dito que o Barroco leva at� �s suas �ltimas conseq��ncias
os impulsos de renova��o que tinham nascido no renascimento.
Na m�sica, � margem de identifica��es mais ou menos rebuscadas
com as outras artes, verifica-se que se produz um movimento
com as mesmas
conseq��ncias: a m�sica coral religiosa expande-se desde a polifonia
at� �s manifesta��es do que viria a ser o fundamento sa m�sica
sinf�nica-coral, enriquece-se monodia, produzem-se primeiras
experi�ncias do melodrama e da favola, nasce o sentido
da express�o mel�dica de Alessandro Scarlatti.
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Se
bem que j� foi dito, conv�m esclarecer como se produz o desenvolvimento
do conceito rom�ntico na m�sica e as diferen�as com o seu equivalente
liter�rio. Para um fil�sofo como Emmanuel Kant, que divide as
artes na sua Cr�tica da Raz�o, a m�sica ocupa o n�vel
inferior na compreens�o, depois das artes da palavra e inclusivamente
das pl�sticas. N�o vamos entrar em considera��es sobre a exatid�o
destas afirma��es, mas, na evolu��o da m�sica, tem grande
import�ncia n�o ser este o primeiro caso em que o liter�rio
est� � frente do musical, pelo menos no tempo. Assim, as id�ias
que conformam o Romantismo liter�rio situam-se aproximadamente
entre 1765 e 1805, enquanto que nessas datas a m�sica se encontra
em pleno desenvolvimento do classicismo com a obra de Haydn,
Mozart e inclusivamente Beethoven. Quem analisou estes tr�s
compositores e os definiu como integrantes do " Estilo
Cl�ssico " foi o cr�tico Charles Rosen, que deu esse t�tulo
ao seu livro sobre o assunto.
No
entanto, a aparente confus�o est� bem justificada na evolu��o
da m�sica na Alemanha, em que aparece a influencia da nova corrente
do nacionalismo. Uma corrente que se junta com o movimento que
se conhece como Sturm und Drang ( Trovoada e Tens�o ),
depois da publica��o em 1776 da obra com esse t�tulo de Friedrich
Klinger. A veem�ncia ser� o esp�rito que define o seu car�ter
pr� rom�ntico. E essa express�o dos sentimentos de forma
apaixonada aparece ocasionalmente nas obras de Haydn, de Carl
Ph. E. Bach. e outros, pelo que foi assim assimilada nos princ�pios
de Klinger e, em conseq��ncia, ao nascimento do Romantismo musical.
Na pr�tica, ainda ter� de se produzir a obra de compositores
como Carl Maria von Weber, Franz Schubert e, como j� se comentou
Ludwig van Beethoven, para se poder falar de Romantismo. A sua
origem real situa-se � volta de 1830, com as primeiras obras
importantes de Robert Schumann, na Alemanha, e com a Sinfonia
Fant�stica de Hector Berlioz na Fran�a.
Enquanto
na literatura se abriam novos caminhos � express�o, a m�sica
continuou a viver o seu "atraso", aderida � produ��o
rom�ntica. Nasce o "poema sinf�nico", no qual a cria��o
musical se submete � linha argumental do tema liter�rio escolhido
pelo compositor, e desenvolve-se extraordinariamente a can��o,
o "lied". Somam-se novos poetas � lista dos mais musicais,
mas essa lista continua fundamentada nos grandes nomes da transi��o
do s�culo XVIII ao XIX, � cabe�a dos quais, sem d�vida, est�
Goethe. H� uma exce��o: Shakespeare, mas tinha acontecido a
sua recupera��o no mesmo per�odo. E ser� este poeta quem vai
servir de est�mulo para uma das primeiras demonstra��es de romantismo:
a abertura para o "Sonho de uma noite de Ver�o", de
Felix Mendelssohn, datada de 1826. Coisa que aparece curiosa
visto que Mendelssohn significa, em parte, a representa��o das
formas cl�ssicas no novo s�culo.
Salvo
as exce��es, como Berlioz, nascido em 1803, a primeira gera��o
de compositores rom�nticos nasce cerca de 1810, com Schumann,
Chopin, Mendelssohn, Wagner e Verdi, assinalando apenas os mais
representativos. Entre as coincid�ncias que se produzam nas
suas trajet�rias, lugar importante � ocupado pela sua dedica��o
� que se pode chamar, com um crit�rio muito geral, "cr�tica
musical". No caso de Schumann, por exemplo, porque nos
seus primeiros anos hesitou entre m�sica e literatura, no de
Berlioz, porque exerceu como cr�tico e finalmente, no de Wagner,
porque encontra no ensaio, assim como nos sue libretos para
�pera, o meio de comunica��o das suas id�ias est�ticas, que
ilustram as p�ginas musicais.
E
as orienta��es rom�nticas, na express�o exaltada dos sentimentos,
manifestam-se em todas as formas musicais j� existentes, �s
quais se acrescentam algumas novas, como o poema sinf�nico j�
mencionado, a transforma��o da �pera, a partir de uma sucess�o
de �rias, duos, etc., num conceito de "continuo" e
de a��o, num texto, na pr�pria m�sica e num amplo repert�rio
de pequenas formas instrumentais.
Tamb�m
muda o �mbito de influ�ncia. Ao mesmo influ�ncia as literaturas
n�o alem�s se abrem � influ�ncia de Goethe, a sede do Romantismo
desloca-se para Paris que, pelo menos, det�m o centro de influ�ncia
de Viena. Diz-se que o esp�rito f�ustico invade a m�sica a partir
das propostas do poeta alem�o. Um dos primeiros inclu�dos no
novo grupo ser�, como j� se comentou, Hector Berlioz com a sua
"Sinfonia Fant�stica", ou o virtuosismo de Paganini,
com a carga diab�lica tomada da literatura. E o mesmo acontece
com List, h�ngaro mas triunfador na Alemanha e principalmente
em Paris, cuja influ�ncia chegar�, inclusivamente, ao p�s-romantismo.
Enquanto
isto acontece, na Alemanha unem-se duas tend�ncias, sem d�vida
com um ponto comum: as respostas por Mendolssohn e por Schumann,
com uma preocupa��o pelo cen�rio que herdaram de Carl Maria
von Webwe, mas que n�o encontra eco positivo at� � chegada de
Wagner. Mendelssohn representa o nexo entre o classicismo e
o romantismo, assim como a atualiza��o das exig�ncias formais
do passado com a sua atualiza��o da obra de Johann Sebastian
Bach.
No
outro lado est� efetivamente, Robert Schumann, exemplo excepcional
do compositor literato, que sente a m�sica e a exprime em fun��o
da sua carga liter�ria. A sua influ�ncia na express�o rom�ntica
� mais importante do que poderia parecer � primeira vista. O
mundo de Schumann interessa-se mais pela express�o dos sentimentos
que pela sua descri��o. A id�ia de "impress�o"liter�ria
projetada na m�sica vai estar na ess�ncia do poema sinf�nico,
que se desenvolve plenamente na �ltima etapa do romantismo,
entre outros, com Liszt, mas ser� a partir de 1848. A origem
do poema sinf�nico, como forma com entidade e defini��o pr�prias,
� consequ6encia da abertura do concerto com fundamento liter�rio,
que tem em Beethoven com obras que v�o desde "As criaturas
de Prometeo", de 1801 at� � "A Consagra��o do Lar",
de 1822, passando por "Coriolano"ou "Egmont".
Acabado
esse primeiro per�odo, o romantismo entra numa nova �poca, a
segunda, que come�a a partir da Revolu��o de 1848. A evolu��o
dos conte�dos musicais, dos meios de express�o, fixa as suas
caracter�sticas. N�o se tratava tanto de criar novas formas
mas de renovar as possibilidades da linguagem. Diz-se que come�a
um novo mundo com a estreia de "Trist�o e Isolda",
de Wagner. COm Wagner chega, efetivamente, uma primeira "descomposi��o"
da tonalidade, atrav�s dos acordes equ�vocos que podem fazer
parte de algumas tonalidades bem distantes. No extremo, especialmente
na m�sica francesa, aparecem as tens�es harm�nicas, alteradas,
que enriquecem muito especialmente a nova m�sica para piano.
Mas a recupera��o da obra de Johann Sebastian Bach, depois da
reapari��o em Berlim e Leipzig, gra�as ao esfor�o de Menelssohn,
da "Paix�o Segundo S�o Mateus", faz surgir outro foco
de influ�ncias que se reflete em compositores como Johannes
Brahms e depois em Cesar Frank e Max Reger. Neste processo,
mantem-se como elemento rom�ntico principal o interesse pelas
ess�ncias racionalistas.
Dessa
mistura de tend�ncias nasce uma terceira etapa do romanticismo
que re�ne, e significa para todos os efeitos, um p�s-romanticismo.
Caracteriza-se pela prefer�ncia pelos grandes conjuntos sinf�nicos
e corais, pelas grandes massas sonoras e pela aspira��o de chegar
a uma combina��o de tend�ncia est� presente na �ltima �pera
de Wagner, "Parsifal", e nas �ltimas sinf�nias de
Bruckner, como antecedentes do sinfonismo mahleriano e straussiano,
que marca praticamente o fim do p�s-romanticismo. E, para al�m
dos ep�gonos, dos quais existem exemplos em todos os pa�ses
europeus, aceita-se que o seu fim come�a com a Primeira Guerra
Mundial. � o momento no qual se consumam as rupturas iniciadas
nos �ltimos anos do s�culo XIX, com o cromatismo, que come�a
em Wagner e que leva ao atonalismo, formulado, primeiro como
aumento dessa ruptura e depois como teoria organizada, por Arnold
Sch�nberg, e confirmado pela segunda Escola de Viena.
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