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HIST�RIA DA M�SICA

Cap�tulo 1 - M�SICA PROFANA

A trajet�ria principal da m�sica na primeira parte da Idade M�dia tem sido definida pelo canto gregoriano e com um sentido mais amplo, como se recorda, pelo controle da igreja. N�o � propriamente um controle intencionado, como se verificar� em outras etapas futuras, mas sim uma conseq��ncia l�gica da organiza��o social dos povos. O latim ocupa o centro de umas preocupa��es culturais das quais o povo se vai afastando com o nascimento das l�ngua vern�culas. E, no seio da pr�pria igreja, nasce tamb�m a inquieta��o criadora e a necessidade de variar, enriquecer e ampliar esse �nico canto com que ela conta. A essas inquieta��es junta-se uma necessidade imperiosa. Essas l�nguas vern�culas v�o afastando o povo dos of�cios, dado que o latim deixa de ser l�ngua comum, criando uma barreira para a sua participa��o nos of�cios religiosos. E . por um lodo e por outro, surgem novos campos para a m�sica. 

N�o � o momento id�neo para alterar as regras da m�sica, mas para criar novas formas relativas � organiza��o gregoriana. E o primeiro e mais f�cil passo para a variedade foi dado pelos instrumentos, que passaram a acompanhar a voz humana, at� ent�o �nica protagonista do canto.

As primeiras contribui��es produzem-se na pr�pria liturgia. Os "melismas"eram cantados pelo povo sobre uma s� s�laba, o que dificultava extraordinariamente que fossem recordados, sobretudo se tinham uma dura��o consider�vel. Para consegui a "cumplicidade" fi�is, alguns homens da igreja criaram as "seq��ncias", ou letras novas, distintas do texto religioso, que os ajudaram a recordar as linhas mel�dicas. Nasce assim  a primeira aventura criadora, � qual se seguir� uma conseq��ncia l�gica. Se se "inventam" letras para a m�sica religiosa, por que n�o inventar tamb�m novas m�sicas ? E nascem as "prosas", com  as quais surge a figura de um novo compositor, tamb�m autor dos textos. Naturalmente, o canto gregoriano tamb�m tinha contado com compositores, dos quais alguns s�o conhecidos, tal como os livros sagrados tiveram, em cada �poca, os seus correspondentes autores, mas o processo, neste preciso momento, � diferente. Recupera-se, num sentido lato, a figura do compositor, identificada quase sempre � do poeta da m�sica grega.

Esta nova fun��o de compositor-poeta ser� exercida por tr�s grupos principais de novos int�rpretes "goliards", jograis e trovadores, e vir� a criar o primeiro corpus da m�sica profana, ao mesmo tempo que a m�sica instrumental se vai introduzindo nos servi�os religiosos.

O processo arranca, como se viu, de uma maior liberdade ou concep��o da m�sica religiosa, atrav�s das "seq��ncias"e das "prosas", para se vir a desenvolver, no campo popular, com as "goliards". Conhecem-se com este nome os frades que, tendo abandonado os seus conventos, pediam esmola e vagabundeavam de uma regi�o para outra. Durante a sua estadia nos conventos, tenham recebido uma dupla forma��o: musical e liter�ria, e exploravam os seus conhecimentos por meio de um s�rie de can��es, regra geral dedicadas ao vinho, � comida e ao amor. Os textos estavam cheios de brincadeiras dirigidas ao clero, � vida de convento e aos  costumes religiosos. Dirigiram-se a uma classe social muito concreta e dizia-se deles, tamb�m chamados clerici vagante, que constitu�ram uma primeira evid�ncia de contra-cultura ou de cultura "underground". Perdeu-se uma grande parte das can��es dos "goliards", mas chegaram at� n�s testemunhos dessas obras desde o s�culo. XI. O primeiro que foi localizado foi o manuscrito de Munique, que procede da abadia de Beuron, e que foi conhecido com o nome de Carmina Burana, datado do s�culo XII. A atividade dos "goiliards"estendeu-se at� ao s�culo XV. No nosso s�culo, compositor alem�o Carl Orff fez uma "recria��o"do mencionado manuscrito, utilizando alguns dos seus textos. A sua obra, que tem o mesmo t�tulo, Carmina Burana cantiones profanae, foi estreada, em Frankfurt em 1973. A import�ncia dos "goliards" na evolu��o da m�sica � muito significativa, dado que a separaram do mundo religioso e trocaram o cen�rio das igrejas pelos das pra�as  das aldeias.

No confuso elo da progress�o musical chegamos � figura do jogral. N�o h� testemunhos que confirmem a sua presen�a anterior ou posterior � dos "goliards", mas alguns investidores inclinam-se por situ�-los mais de um s�culo antes. A raz�o � simples. A falta de testemunhos faz supor que a sua atividade foi anterior � conhecida e que, por outro lado, a sua figura responde a uma tradi��o pag�. � �bvio que parece efetivamente surpreendente que surgissem quase sem antecedentes numa s�rie de cortes medievais que protegeram e cultivaram a m�sica e outras divers�es. Caracterizam-se por duas aptid�es complementares: o seu dom�nio da arte musical e a sua habilidade no uso da palavra. Sucessor, antecedente ou coet�neo do "goliard", jogral participa ativamente nos  mesmos objetivos, ou seja, em independentizar a m�sica do �mbito religioso e em procurar novos palcos para as suas atividades. Ambos os prop�sitos os levaram � utiliza��o dos instrumentos e � mudan�a de temas nos seus textos. Os recursos da sua profiss�o permitem-lhes ampliar o seu raio de a��o, da pra�a p�blica ao castelo ou � corte, passando pele taberna. As suas habilidades abarcam tamb�m as de ator, acrobata, etc, no sentido que hoje damos a essa atividades circense.

O s�culo XII vai ser tamb�m palco do nascimento de outra figura da m�sica, a do trovador. A lenda criou uma imagem, em grande parte falsa, do trovador que, na pr�tica, era um cavaleiro, com forma��o human�stica e musical, que "exercia"como compositor e poeta. A sua l�ngua � sempre a vern�cula da sua terra e o seu "p�blico", as cortes medievais para as quais era convidado ou �s chegava numa esp�cie de peregrina��o. O tema das suas can��es, o amor, um amor quase sempre ideal e imposs�vel, que seria mais tarde o dos livros de cavaleiros. Junto aos cantos amorosos, os her�icos, a exalta��o das grandes figuras, reais e pr�ximas, convertidas em lendas. Os feitos de Carlos Magno, Rold�o  ou do Cid, os das figuras que rodeavam de uma aur�ola as aventuras das cruzadas. Tal como hoje, e sempre, os nomes que incitam � fantasia e ajudam, na vida cotidiana, a sentir as experi�ncias.

Assim, amor e gl�ria formam a trama de uns textos rimados, dos quais s�o originais "uns cavaleiros-m�sicos-poetas. Na longa rela��o de trovadores encontram-se os nomes de reis, como Ricardo de Plantegenet, de nobres, como Guilherme da Aquit�nia e de personagens, de origem desconhecida que alcan�aram a gl�ria de atuar nas cortes europ�ias, tal como Marcabr�. E esse car�ter nobre da sua atividade permite-nos verificar que tamb�m algumas mulheres alcan�aram pleno reconhecimento na sua atividade. Os jogos, os enfrentamentos improvisados, tanto na m�sica como nos textos, e as manifesta��es mais eloq�entes sobre a mulher amada, constituem um ampl�ssimo repert�rio do qual nos chegaram numerosos testemunhos, em muitos casos com a correspondente nota��o musical, que foi poss�vel transcrever para a atual, apesar da dificuldade que acarreta a aus�ncia de refer�ncias r�tmicas nos originais.

Desde os fins do s�culo XI at� ao termo do XIII, no qual a cavalaria tem o seu decl�nio, tem-se referencia de 460 trovadores nos pa�ses do sul da Europa, aos quais se devem juntar os do norte, conhecidos como "minnes�nger". Todos coincidem na rom�ntica exalta��o do amor ou do hero�smo, o que transcende a sua obra para al�m do simples entretenimento ou divers�o, caracter�sticas comuns aos "goliards"e aos jograis, embora existam, naturalmente, algumas exce��es. De qualquer maneira, os tr�s contribu�ram para essa referida independ�ncia da m�sica do seu car�ter religioso e para criar um mundo de recreio espiritual que n�o estivesse subordinado aos objetivos de louvar e glorificar a Deus que constitu�am a ess�ncia do canto gregoriano. 

Cap�tulo 2 - A POLIFONIA

Se tivermos em conta o sentido literal da palavra, ou seja, a id�ia da sobre posi��o de duas ou mais linhas mel�dicas simult�neas que resultam de um conjunto uniforme e homog�neo, deve dizer-se que os seus come�os rigorosas se situam no organum e no discantus. Mas tamb�m h� um elemento posterior e essencial que vai dar um novo sentido de verticalidade. At� isto ficar estabelecido, essas linhas mel�dicas apresentavam-se, por uma bi-tonalidade n�o intencionada. A defini��o da tonalidade na qual as notas da escala se organizam em ordem hier�rquica, dependendo da que d� o nome � escala, d� um novo sentido aos resultados verticais, provoca a homogeneidade r�tmica e mel�dica das diferentes vozes e desenvolve o papel e funcional de baixo, sobre o qual se constr�i a arquitetura dos acordes.

Compositores como Josquin des Pr�s, j� mencionado, completam o novo panorama criativo com o uso da imita��o ou do canon, que passa a ser o procedimento caracter�stico do estilo polif�nico gerador da sua coer�ncia de forma. Pouco depois, na segunda metade do s�culo XVI, ser� o verticalismo harm�nico o que se vai impor, o que n�o teria sido poss�vel sem o estabelecimento pr�vio da tonalidade. Porque ser� a tonalidade a origem das regras da harmonia, partindo de uma s� escala para cada nota, igual em  todos os casos, com uma �nica exce��o: a das suas duas variedades, o tom maior e o tom menor, com as suas diferentes posi��es dos semi-tons. Abandonam-se, assim, os modos gregorianos, nos quais o car�ter era definido pela vari�vel situa��o do semi-tom no interior da escala.

Ao longo desta etapa e tal como tinha sucedido na �poca anterior, a evolu��o da m�sica religiosa decorre de forma paralela � da profana e, em ambos os casos, juntamente com a instrumental. � um desenvolvimento, em parte similar ao que se d� em outras artes, no qual a m�sica se vai libertando das ataduras e da rigidez do g�tico para se aproximar do Renascimento. SUrgem novas formas na m�sica profana e na instrumental, mais breve, menos grandiosas e que, por sua vez, influir�o na altura pr�pria na m�sica dedicada ao culto. Os limites de cada etapa, tal como sucede sempre na hist�ria, n�o est�o completamente definidos e encontramos, como fundamento de todos eles, a sombra da extraordin�ria descoberta que foi a da tonalidade . De fato, trata-se de um fen�meno �nico que se apresenta na m�sica ocidental e do qual n�o se encontram equival�ncias, nem sequer aproximadas, nas de outrs culturas. 

Na transi��o para o Renascimento, ser� tamb�m a polifonia que ter� um papel e protagonista dentro e fora da m�sica religiosa. Nesta �ltima, com os tr�s grandes nomes que cobrem por completo o s�culo XVI e entram pelo XVII: Giovanni Pierluigi da Palestrina, de 1525 a 1594: Orlandus Lasus, de 1532 a 1594, e Tom�s Luis de Victoria, de 1545 a 1644. Representam ao mesmo tempo a tradi��o da Polifonia desde as suas origens e a sua inclus�o nas novas correntes do Renascimento. No caso dos primeiros, tanto no que se refere ao campo religioso como ao profano, no qual n�o se pode incluir Victoria, que se seguiu no seu trabalho � m�sica de igreja. No profano, a concep��o polif�nica manisfesta-se fundamentalmente com o madrigal, que se prolonga no tempo e atinge tamb�m o representativo mundo do Renascimento. Juntamente com ela, aparecem outras formas que ficaram mais unidas, quanto ao nome, aos estilos de cada pa�s, enquanto que o madrigal se estendeu por toda a Europa. Na It�lia, aparece a frottla, o ricercari, a canzona, os rispeti e alguns outros, enquanto que, na Espanha, se desenvolve o villancico, com uma dimens�o que n�o se limita � variedade. Natal�cia que, �s vezes, se aplica ao mesmo.

Mas o Madrigal vai ter o ponto de apoio de toda a polifonia renascentista, em especial no campo profano, embora tamb�m no religioso e com os madrigais "espirituais". � imposs�vel  citar todos os compositores que cultivaram o madrigal, mas conv�m seguir o rasto dos mais representativos, tal como podem ser Giuseppe Zarlino, Andrea e Giovanni Gabrielli, Adrian Wlaert e Gesualdo da Vnosa, na It�lia, Clement Jannequin, na Fran�a, Mateo Flecha e um sobrinho com o mesmo nome, que prolongam uma tradi��o iniciada por Juan del Enzina, Juan Brudieu ou Francisco Guerrero, na Espanha, William Byrd, John Dowland, Thomas Weelkes e Orlando Gibbons, na Inglaterra, e Orlandus Lassus, j� menciondo. na Alemanha. Entretanto, prossegue a tradi��o polif�nica religiosa, representada na Alemanha por Heinrich Sch�tz e na Espanha, juntamente com Victoria, pelos nomes de Crist�bal de Motales e de Francisco Guerrero.

Cap�tulo 3 - RENASCIMENTO

Ao considerar a exist�ncia do Renascimento musical, estamos perante um dos freq�entes casos de imprecis�o terminol�gica. A influ�ncia de conceitos das outras artes e o desejo de unificar as suas tend�ncias levou ao uso de qualifica��es cuja correla��o � dif�cil de defender. No entanto, � um fato que se divulgou um conceito, o de "m�sica renascentista", com umas caracter�sticas e coincid�ncias no tempo que n�o � poss�vel ignorar. Outra quest�o � a da confirma��o, ou n�o, da correla��o com outras artes. No mundo do pensamento e as letras, a descoberta da Antiguidade cl�ssica � efetivamente clara nos movimentos liter�rios e filos�ficos da passagem do s�culo XV para o XVI, mas na m�sica, temos que esperar a chegada do XVII para encontrar elementos modificadores da anterior tradi��o, sobretudo no que se refere �s formas.

J� comentamos como se apresentaram estas modifica��es nas novas formas da m�sica instrumental, mas inclusivamente na mais caracter�stica, a m�sica vocal, conservam-se no Renascimento, as exig�ncias da polifonia. A forma t�pica desses tempos, do Renascimento, � o Madrigal, que se serve dos fundamentos estruturais e conceituais da polifonia cultivada at� finais do s�culo XVI. Mas o importante, nessa transforma��o que se d� nos fins do s�culo XVI � sem d�vida, a mudan�a de sentido do conceito da polifonia, Assim, o que antes tinha sido um estilo, um mio de express�o que caracterizou uma �poca, passou a ser uma f�rmula ou uma possibilidade t�cnica com um sentido muito mais amplo, com um posto na m�sica vocal,com ou sem interven��o de instrumentos. Ou seja, o que era um "estilo", passou a formar um "g�nero".

A altera��o produz-se, efetivamente, na transi��o do s�culo XVI para o XVII e tem um nome muito concreto: "melodia acompanhada". � um meio de express�o no qual se ouve o eco das aspira��es dos humanistas. Mas, para os historiadores da m�sica, o que noutras artes se entende por Renascimento, deve situar-se entre o �ltimo ter�o do s�culo XV e os �ltimos anos XVI. Nessa altura sucedem-se v�rias e importantes  transforma��es na m�sica. � o momento em que a polifonia atinge o cume, em que, tal como j� dissemos, o "Madrigal" representa a unifica��o do po�tico e do musical, ao mesmo tempo que aparece o sentimento da harmonia. N�o interessa tanto a sucess�o de vozes, consideradas como predominantes, mas sim a malha criada por essas vozes. E essa organiza��o harm�nica ser� o ponto de apoio da melodia acompanhada, independentemente, por outro lado, do desenvolvimento e da evolu��o dos instrumentos. E, embora estes dados n�o constituam, por si pr�prios, uma defini��o das elementos, de um Renascimento musical, conseguem fundamentar uma vitalidade e um esp�rito criativo.

Esse �mpeto assoma igualmente na Reforma religiosa, que coincide com o Renascimento musical. Tem-se dito que n�o � poss�vel estabelecer entre esses fatos uma rela��o de causa efeito, mas � evidente que coincidem no impulso. A melodia acompanhada conduz ao nascimento da �pera, como g�nero de mais amplos horizontes e orientado para um p�blico mais numeroso. Da mesmo maneira, Lutero, que aceita o latim, procura no uso das l�nguas vern�culas uma maior rela��o do povo com uma m�sica religiosa. Na pr�tica, uma grande n�mero de compositores dedicam os seus esfor�os criativos a formar um repert�rio de can��es religiosas, dentro de um movimento que nasce na Alemanha, com a Reforma como ponto de partida, e que se estende a outros pa�ses, em especial � Fran�a, no qual aparece o corpo da m�sica religiosa hugonote.

Como resumo deste per�odo, antecedente do nascimento da melodia acompanhada, ou monodia, pode dizer-se que coincidem, nas diversas escolas, as tend�ncias para usar a voz, os instrumentos e as  suas possibilidades de combina��o, como partes independentes de um todo que as pode englobar parcial ou totalmente.

Cap�tulo 4 - BARROCO

Ao finalizar o Barroco, sucede algo similar ao que representa na m�sica a id�ia do Renascimento. O estilo Barroco, que responde a uma concep��o pict�ria e arquitet�nica, translada-se, novamente, para a m�sica sem fundamento. Tal como sucedeu no Renascimento, as poss�veis caracter�sticas musicais do Barraco definem-se posteriormente e s�o uma justifica��o do uso desse terno, mais do que uma defini��o do mesmo. Pode dizer-se que, em ambos os casos, foram as correntes da m�sica e, sobretudo, o extraordin�rio progresso dos meios de difus�o e dos suportes dos registros musicais, os fatores que impuseram esses termos. A mensagem das casas discogr�ficas precisava da utiliza��o de uma terminologia que fosse familiar a um amplo setor do p�blico, mais conhecedor das diversas tend�ncias e escolas da arte e literatura do que da m�sica.

No entanto, tamb�m no Barroco � poss�vel encontrar uns elementos que justificam o uso desse termo, partindo de conceitos de outras artes. Verificou-se uma certa rela��o entre o estilo concertante da m�sica e o estilo barroco na arquitetura e nas artes pl�sticas. A altern�ncia de vozes e instrumentos foi a resposta musical � id�ia de contraste que caracteriza a arte do barroco. O uso de vozes solistas, coros - inclusivamente duplos e triplos coros, a organiza��o de instrumentos por fam�lias e a sua combina��o e n�mero crescente, definem, sem d�vida, a tend�ncia para o grandioso que responde � imagem t�pica e t�pica da arte barroca.

Essa tend�ncia para o que a m�sica poderia vir a ter de espet�culo, num movimento paralelo no tempo ao da monodia acompanhada e, claro est�, ao da �pera, une diretamente o Renascimento com o barroco. Os chori spezzati, enfrentados como dois elementos dispares do conjunto, marcam a trajet�ria da m�sica em S�o Marcos de Veneza, primeiro com Adrian Willaert e depois com Gabrieli. Um caminho que leva, sem interrup��es, �s Paix�es de Johnn Sebastian Bach, aos grandes orat�rios de Haendel e � estabiliza��o, com todas as suas variantes, do novo g�nero que surge nos fins do s�culo XVII: a �pera. E, em todas essas formas e g�neros,  torna-se clara a preocupa��o comum por tudo o que � dram�tico. De certa maneira, parece que o dramatismo, poss�vel de por em cena ou n�o, � consubstancial com a id�ia do Barroco. Assim acontece na pintura, em Rembrandt, por exemplo, na trag�dia francesa, com as obras de Corneille e Racine e na Espanha, com Calder�n de la Barca, entre outros numerosos exemplos.

Na m�sica, a id�ia da monodia acompanhada afirma o uso do "baixo continuo", que passa a ser uma das caracter�sticas da m�sica barroca, embora  junto a ela coexistam outras manifesta��es musicais que n�o recorrem a este sistema de nota��o. Sistema esse que permite uma completa improvisa��o harm�nica, dado que a "interpreta��o"dos indicativos que implica o baixo cont�nuo depende do int�rprete, valha a redund�ncia. Desenvolvem-se sob o seu imp�rio, as modas de adornos e elementos acrescentados que, na arquitetura simbolizar�o tamb�m a id�ia do "barroco". E, se tivermos em conta o longo processo da sua imposi��o, verificamos que surge quando ainda est� vigente o Renascimento , no s�culo XVI, e, isso sim, que se prolonga at� come�os do s�culo XVII, quando o Renascimento j� s� � uma recorda��o e uns testemunhos.

Por isso se tem dito que o Barroco leva at� �s suas �ltimas conseq��ncias os impulsos de renova��o que tinham nascido no renascimento. Na m�sica, � margem de identifica��es mais ou menos rebuscadas com as outras artes, verifica-se que se produz um movimento com as mesmas conseq��ncias: a m�sica coral religiosa expande-se desde a polifonia at� �s manifesta��es do que viria a ser o fundamento sa m�sica sinf�nica-coral, enriquece-se monodia, produzem-se primeiras experi�ncias do melodrama e da favola, nasce o sentido da express�o mel�dica de Alessandro Scarlatti.

Cap�tulo 5 - ROMANTISMO

Se bem que j� foi dito, conv�m esclarecer como se produz o desenvolvimento do conceito rom�ntico na m�sica e as diferen�as com o seu equivalente liter�rio. Para um fil�sofo como Emmanuel Kant, que divide as artes na sua Cr�tica da Raz�o, a m�sica ocupa o n�vel inferior na compreens�o, depois das artes da palavra e inclusivamente das pl�sticas. N�o vamos entrar em considera��es sobre a exatid�o destas afirma��es, mas, na evolu��o da m�sica, tem grande import�ncia n�o ser este o primeiro caso em que o liter�rio est� � frente do musical, pelo menos no tempo. Assim, as id�ias que conformam o Romantismo liter�rio situam-se aproximadamente entre 1765 e 1805, enquanto que nessas datas a m�sica se encontra em pleno desenvolvimento do classicismo com a obra de Haydn, Mozart e inclusivamente Beethoven. Quem analisou estes tr�s compositores e os definiu como integrantes do " Estilo Cl�ssico " foi o cr�tico Charles Rosen, que deu esse t�tulo ao seu livro sobre o assunto.

No entanto, a aparente confus�o est� bem justificada na evolu��o da m�sica na Alemanha, em que aparece a influencia da nova corrente do nacionalismo. Uma corrente que se junta com o movimento que se conhece como Sturm und Drang ( Trovoada e Tens�o ), depois da publica��o em 1776 da obra com esse t�tulo de Friedrich Klinger. A veem�ncia ser� o esp�rito que define o seu car�ter pr� rom�ntico. E essa express�o dos sentimentos  de forma apaixonada aparece ocasionalmente nas obras de Haydn, de Carl Ph. E. Bach. e outros, pelo que foi assim assimilada nos princ�pios de Klinger e, em conseq��ncia, ao nascimento do Romantismo musical. Na pr�tica, ainda ter� de se produzir a obra de compositores como Carl Maria von Weber, Franz Schubert e, como j� se comentou Ludwig van Beethoven, para se poder falar de Romantismo. A sua origem real situa-se � volta de 1830, com as primeiras obras importantes de Robert Schumann, na Alemanha, e com a Sinfonia Fant�stica de Hector Berlioz na Fran�a.

Enquanto na literatura se abriam novos caminhos � express�o, a m�sica continuou a viver o seu "atraso", aderida � produ��o rom�ntica. Nasce o "poema sinf�nico", no qual a cria��o musical se submete � linha argumental do tema liter�rio escolhido pelo compositor, e desenvolve-se extraordinariamente a can��o, o "lied". Somam-se novos poetas � lista dos mais musicais, mas essa lista continua fundamentada nos grandes nomes da transi��o do s�culo XVIII ao XIX, � cabe�a dos quais, sem d�vida, est� Goethe. H� uma exce��o: Shakespeare, mas tinha acontecido a sua recupera��o no mesmo per�odo. E ser� este poeta quem vai servir de est�mulo para uma das primeiras demonstra��es de romantismo: a abertura para o "Sonho de uma noite de Ver�o", de Felix Mendelssohn, datada de 1826. Coisa que aparece curiosa visto que Mendelssohn significa, em parte, a representa��o das formas cl�ssicas no novo s�culo.

Salvo as exce��es, como Berlioz, nascido em 1803, a primeira gera��o de compositores rom�nticos nasce cerca de 1810, com Schumann, Chopin, Mendelssohn, Wagner e Verdi, assinalando apenas os mais representativos. Entre as coincid�ncias que se produzam nas suas trajet�rias, lugar importante � ocupado pela sua dedica��o � que se pode chamar, com um crit�rio muito geral, "cr�tica musical". No caso de Schumann, por exemplo, porque nos seus primeiros anos hesitou entre m�sica e literatura, no de Berlioz, porque exerceu como cr�tico e finalmente, no de Wagner, porque encontra no ensaio, assim como nos sue libretos para �pera, o meio de comunica��o das suas id�ias est�ticas, que ilustram as p�ginas musicais.

E as orienta��es rom�nticas, na express�o exaltada dos sentimentos, manifestam-se em todas as formas musicais j� existentes, �s quais se acrescentam algumas novas, como o poema sinf�nico j� mencionado, a transforma��o da �pera, a partir de uma sucess�o de �rias, duos, etc., num conceito de "continuo" e de a��o, num texto, na pr�pria m�sica e num amplo repert�rio de pequenas formas instrumentais.

Tamb�m muda o �mbito de influ�ncia. Ao mesmo influ�ncia as literaturas n�o alem�s se abrem � influ�ncia de Goethe, a sede do Romantismo desloca-se para Paris que, pelo menos, det�m o centro de influ�ncia de Viena. Diz-se que o esp�rito f�ustico invade a m�sica a partir das propostas do poeta alem�o. Um dos primeiros inclu�dos no novo grupo ser�, como j� se comentou, Hector Berlioz com a sua "Sinfonia Fant�stica", ou o virtuosismo de Paganini, com a carga diab�lica tomada da literatura. E o mesmo acontece com List, h�ngaro mas triunfador na Alemanha e principalmente em Paris, cuja influ�ncia chegar�, inclusivamente, ao p�s-romantismo.

Enquanto isto acontece, na Alemanha unem-se duas tend�ncias, sem d�vida com um ponto comum: as respostas por Mendolssohn e por Schumann, com uma preocupa��o pelo cen�rio que herdaram de Carl Maria von Webwe, mas que n�o encontra eco positivo at� � chegada de Wagner. Mendelssohn representa o nexo entre o classicismo e o romantismo, assim como a atualiza��o das exig�ncias formais do passado com a sua atualiza��o da obra de Johann Sebastian Bach.

No outro lado est� efetivamente, Robert Schumann, exemplo excepcional do compositor literato, que sente a m�sica e a exprime em fun��o da sua carga liter�ria. A sua influ�ncia na express�o rom�ntica � mais importante do que poderia parecer � primeira vista. O mundo de Schumann interessa-se mais pela express�o dos sentimentos que pela sua descri��o. A  id�ia de "impress�o"liter�ria projetada na m�sica vai estar na ess�ncia do poema sinf�nico, que se desenvolve plenamente na �ltima etapa do romantismo, entre outros, com Liszt, mas ser� a partir de 1848. A origem do poema sinf�nico, como forma com entidade e defini��o pr�prias, � consequ6encia da abertura do concerto com fundamento liter�rio, que tem em Beethoven com obras que v�o desde "As criaturas de Prometeo", de 1801 at� � "A Consagra��o do Lar", de 1822, passando por "Coriolano"ou "Egmont".

Acabado esse primeiro per�odo, o romantismo entra numa nova �poca, a segunda, que come�a a partir da Revolu��o de 1848. A evolu��o dos conte�dos musicais, dos meios de express�o, fixa as suas caracter�sticas. N�o se tratava tanto de criar novas formas mas de renovar as possibilidades da linguagem. Diz-se que come�a um novo mundo com a estreia de "Trist�o e Isolda", de Wagner. COm Wagner chega, efetivamente, uma primeira "descomposi��o" da tonalidade, atrav�s dos acordes equ�vocos que podem fazer parte de algumas tonalidades bem distantes. No extremo, especialmente na m�sica francesa, aparecem as tens�es harm�nicas, alteradas, que enriquecem muito especialmente a nova m�sica para piano. Mas a recupera��o da obra de Johann Sebastian Bach, depois da reapari��o em Berlim e Leipzig, gra�as ao esfor�o de Menelssohn, da "Paix�o Segundo S�o Mateus", faz surgir outro foco de influ�ncias que se reflete em compositores como Johannes Brahms e depois em Cesar Frank e Max Reger. Neste processo, mantem-se como elemento rom�ntico principal o interesse pelas ess�ncias racionalistas.

Dessa mistura de tend�ncias nasce uma terceira etapa do romanticismo que re�ne, e significa para todos os efeitos, um p�s-romanticismo. Caracteriza-se pela prefer�ncia pelos grandes conjuntos sinf�nicos e corais, pelas grandes massas sonoras e pela aspira��o de chegar a uma combina��o de tend�ncia est� presente na �ltima �pera de Wagner, "Parsifal", e nas �ltimas sinf�nias de Bruckner, como antecedentes do sinfonismo mahleriano e straussiano, que marca praticamente o fim do p�s-romanticismo. E, para al�m dos ep�gonos, dos quais existem exemplos em todos os pa�ses europeus, aceita-se que o seu fim come�a com a Primeira Guerra Mundial. � o momento no qual se consumam as rupturas iniciadas nos �ltimos anos do s�culo XIX, com o cromatismo, que come�a em Wagner e que leva ao atonalismo, formulado, primeiro como aumento dessa ruptura e depois como teoria organizada, por Arnold Sch�nberg, e confirmado pela segunda Escola de Viena.

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